DEPOIS DE LER BAUDRILLARD.

Cada “movimento”, hoje, se move no movimento do próprio “mover”. Simula, aparece, desaparece. Nada se decifra. As peças não se desgastam, não param, avançam rumo ao infinito. A engrenagem funciona gerando idéias que não duram mais que instantes. Não há conteúdos. Quem comanda é o “espetáculo”. Surge então um paradoxo ilusório: “as coisas estão bem melhor”. Seguimos, pois, numa espécie de delírio: não temos sombras, não há paradigmas. Enfim, somos celibatários da consciência.

Obs. Jean Baudrillard, sociólogo, um dos mais importantes pensadores contemporâneos, faleceu na última terça-feira. Seu legado filosófico é um libelo contra essa sociedade do consumo e da massificação. Um de seus conceitos-chave é o da "hiper-realidade", conforme o suplemento "MAIS" da "Folha de São Paulo", é o mundo dos simulacros em que as pessoas vivem, a sociedade de imagens - idealizadas pela TV, rotuladas pelos meios de comunicação de massa e distantes do cotidiano do trabalho - que substitui a sociedade de classes e do trabalho. O filme "MATRIX" foi inspirado nele, ainda que Baudrillard tenha afirmado que fizeram uma leitura equivocada de suas críticas.