IURD e o Ódio Pelas Religiões Afro-Brasileiras

Constituição da Republica Federativa do Brasil

“ Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se [...]à liberdade[...].

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; “

Qual será o limite da intolerância da religião cristã protestante (especialmente da IURD) que não cessa de atacar e tentar dizimar as religiões afro-brasileiras?

Ontem, dia 13 de janeiro de 2013, o Domingo Espetacular, da Rede Record de Televisão, transmitiu uma reportagem em que questionava a programação da Rede Globo, citando especificamente a novela Salve Jorge e a minissérie que findou semana passada, Denominada "O Canto da Sereia". Segundo a Rede Record, a Globo tenta diminuir a religião cristã protestante (evangélica) e enaltecer outras religiões, dentre elas as religiões afro-brasileiras. Segundo a Reportagem, existe uma depreciação da religião cristã pela Rede Globo e um incentivo a prática das religiões afro-brasileiras, como se isso fosse um erro, uma depravação.

Por trás da abordagem do Jornalismo da Rede Record, há mais um ataque direto às religiões afro-brasileiras, tanto é que se mencionou diretamente o Candomblé na matéria exibida. Para tanto, a Rede Record de Televisão (que pertence a Igreja Universal do Reino de Deus, cujo presidente é o Bispo Edir Macedo, preso algumas vezes e denunciado outras pelo Ministério Público por Formação de Quadrilha e Lavagem de Dinheiro, acusado de fazer o “milagre da multiplicação” do seu próprio patrimônio com o dinheiro doado pelos fiéis na forma de dízimo e ofertas) utilizou alguns argumentos fajutos no qual me disponho a comentar a seguir.

PRIMEIRO: Segundo o Jornalismo da Rede Record, a Globo propaga desigualmente em sua programação artística (novelas, minisséries, documentários, etc.) as diversas religiões que existem no Brasil, favorecendo exclusivamente as religiões afro-brasileiras, em especial, o Candomblé. A Record, em tom de desdém, questionou a Rede Globo por e-mail se esta faria uma novela ou minissérie cuja protagonista (o) seria uma evangélica (o).

Primeiramente deve-se repelir esta colocação da Record simplesmente pela observação dos fatos. A Rede Record também nunca transmitiu, exibiu ou produziu em sua programação nada que propagasse e incentivasse o exercício de outra religião que não seja a cristã protestante, portanto, cobram uma conduta que não seguem. Eu nunca vi dentre as péssimas novelas da Record (estou sendo generoso utilizando o termo “péssimas”) a mesma colocar uma protagonista que fosse do Candomblé, ou da Umbanda, ou um índio que invocasse a Pajelança e a intervenção de guias para curar, ou mesmo um negro catimbozeiro lá das bandas de Pernambuco, que bate o tambor e invoca os Mestres da Jurema para que lhe ajudem nas suas dificuldades. Ora, como querem cobrar de uma outra emissora um princípio no qual não estão fundamentados? Isso é uma falta de visão tamanha! Para uma emissora que pertence a uma igreja cristã protestante (IURD), faltou o conhecimento do texto bíblico que enfatiza que se deve tirar primeiro a trave do seu olho para depois querer tirar o cisco do olho do seu irmão.

Ainda neste prumo, a Rede Record não exibe esse tipo de programação porque certamente tem outras prioridades, outras preferências, outra visão, outros autores, e isso nada tem nada de errado. O texto constitucional exposto acima garante que a liberdade intelectual e artística deve ocorrer sem pressões, coações, ou seja, as emissoras de televisão não dependem de licença e não estão limitados por qualquer censura. Portanto, em resumo, a Rede Record também não propaga em suas programações as demais religiões, dentre elas o Candomblé, ficando sem respaldo para cobrar da Rede Globo a mesma postura. Estas matérias da Record pouco tem haver com a verdadeira função do jornalismo que é noticiar os fatos seguindo um padrão ético e impessoal, mas possuem uma essência puramente intolerante e religiosa, é uma guerra imoral e antiga da Record com a Globo por audiência, então a Record ataca como pode, faz essas reportagens para arrebanhar a opinião publica para si, com finalidade puramente econômica, afinal, “vamos conquistar o povo para nós através dessa apelação moral-religiosa e o povo deixara de assistir a programação deles para assistir a nossa, e ganhamos mais dinheiro, até porque o povo não percebe isso”, pensam eles. Não sejamos enganados por essa canalhice, por essas matérias “premeditadas” e superficiais. Por mim, a Record e a Globo poderiam fazer o que quiser, qualquer jogo de marketing sujo, mas não metam o Candomblé e as religiões afro-brasileiras no meio dessa sujeira, respeito é o mínimo que se pede. Como Teólogo, eu repudio esse tipo de ataque a qualquer religião, inclusive contra a cristã protestante, porém, a IURD, através do seu tanque de guerra da comunicação, a Rede Record, contribui mais para o descrédito da religião cristã do que para o seu crescimento, isso é uma vergonha! As religiões afro-brasileiras são religiões sérias, que possuem sua origem, história, cultura e crenças muito bem arraigadas, portanto, merece todo o respeito que é dispensado as demais religiões, afinal, o Brasil é um país Laico. Que fique bem claro: defendo aqui as religiões afro-brasileiras, especialmente o Candomblé, e não a Rede Globo, pela qual não possuo nenhum apreço. Ataco a postura intolerante deste tipo de matéria com intuito manipulador, mas não ataco propriamente o jornalismo da Rede Record.

SEGUNDO: O jornalismo da Record também afirmou que a Rede Globo de Televisão tenta diminuir a religião evangélica a todo custo. Bem, se a Globo faz ou não isso, não me interessa diretamente, pois como disse, não estou aqui defendendo a Rede Globo e a sua programação. Mas vale observar que a maior depreciadora da religião cristã no Brasil talvez seja a própria IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), pois se envolveu e ainda está envolvida em diversas ações judiciais, sendo que o seu Bispo maior, Edir Macedo, bem como outros líderes, foram presos diversas vezes acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, dentre outros crimes. Isso sim é diminuir a religião cristã, e não em uma novela ou minissérie, mas na vida real, no dia a dia, na contribuição financeira exigida dos fiéis culto a após culto, isso sim é depreciar a religião cristã. A IURD usa a Rede Record para falar sobre moral religiosa e tentar manipular a vontade popular, mas não possui nenhuma moral para isso, afinal, não perdemos a memória, nos lembramos bem o que o Ministério Público ainda não esqueceu.

Poderia comentar ainda muito mais sobre este assunto baseado na reportagem de ontem, porém, me detenho por aqui, já é o suficiente para demonstrar mais uma imoralidade da IURD através da Rede Record, que utilizou as religiões afro-brasileiras e um suposto favorecimento da Rede Globo a estas para tentar esconder as reais intenções a que visava com a reportagem: uma intenção chamada DINHEIRO.

14/01/2013

Lui Jota
Enviado por Lui Jota em 15/01/2013
Reeditado em 14/11/2014
Código do texto: T4085465
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