Sobre os julgamentos morais

Não que sejam todos os casos, mas esse texto é sobre a grande maioria. Sempre que paro para analisar a estrutura do julgamento moral alheio percebo que, em grande parte das vezes as pessoas se reproduzem em situação fática alheia, deixando em segundo plano ( se é que fica em algum plano) toda a construção social do individuo que é julgado.

Quando realizamos essa operação de julgar devemos nos atentar a experiência social do objeto de nosso julgamento, sua vivência e suas impressões do mundo fenomênico.

Na maioria das vezes, como disse, simplesmente deixamos de lado a experiência alheia e nos projetamos ali, consequentemente o resultado do nosso julgamento sempre será diverso da conduta julgada, posto que a formação social do julgador e julgado são dinstintas.

Um bom julgamento moral (se é que é possível se falar nisso) deve ser pautado por uma abstração tão plena de suas impressões e formação ao ponto de conseguir ler o outro, e ver, de forma lógica, nas possibilidades desse outro se a conduta tomada poderia ter sido outra.

Ocorre que aqui a discussão é outra, vale dizer: É possível um grau de abstração tão pleno e uma leitura tão pormenorizada de toda uma vida de experiências diversas da suas, sem que as suas experiência interfiram na forma de analisar a experiência alheia?

Entendo que, sendo criterioso, a grande maioria dos julgamentos morais não passam de projeção de valores e uma análise do que você faria em tal situação, mas em um bom julgamento a pergunta a ser feita é: Nessa situação existiria outra conduta possível dentro das possibilidades de fulano?

A conclusão inconclusiva que cheguei é que essa conjectura de um julgamento moral razoável é impossível, posto que ninguém é capaz de abstrair tanto suas impressões e, ao mesmo tempo, pensar como o outro para que possa visualizar outra conduta possível. (pelo menos ninguém que eu tenha conhecido)