O palco da vida

           A vida é um grande palco, onde todos somos atores ou espectadores.    
            Às vezes representamos o papel principal, o mocinho, o personagem em torno do qual a história se desenrola, aquele que centraliza e unifica toda a trama e todos os dramas da existência. Então o sofrimento é explícito, rios de lágrimas se despejam de nossos vermelhos olhos, noites insones, desespero, cadê a luz no fim do túnel?        
            Vez por outra o personagem central é bem sucedido, é feliz e realizado. Embora o público prefira os dramalhões mesmo, que é o mais comum.
          Mas, de outras vezes somos os vilões,  aqueles que transformam a vida da mocinha num verdadeiro inferno, o que provoca os rios de lágrimas, as infindáveis noites de insônia, o desespero de não saber quando tudo vai terminar.  Somos odiados, nossa vida é colocada a prêmio, todos clamam por justiça, que seria o fim de nossa participação na trama.
          Às vezes o espetáculo não passa de uma comédia barata, que seria trágica se não fôsse cômica, em que personagens caricatos desempenham mal seus papéis mal escritos e mal dirigidos. Verdadeiros desfiles de horror e vulgaridade. Centenas, dezenas de episódios desse tipo são encenados periodicamente durante nossa malfadada vida, já que nem todo dia é dia de glória e de espetáculos grandiosos.
      E há também aqueles espetáculos surreais, inacreditavelmente lindos ou incrivelmente dolorosos, em que somos meros espectadores, e mesmo que o enredo nos resvale de alguma forma, não temos nele nenhum papel a desempenhar, a não ser rir ou chorar. E ficamos lá na poltrona, na semiobscuridade da plateia, rindo, chorando, torcendo pelo destino desse ou daquele personagem com quem nos identificamos. E, interiormente, aclamamos ou ridicularizamos os atores, o diretor, o figurino...
            Mas, no palco da vida, assim como nos palcos teatrais, além dos atores e da plateia, há também o pessoal dos bastidores, o grande suporte que permite que tudo aconteça. E aí ora nos enquadramos como produtores, iluminadores, figurinistas, cenarista, maquiadores, diretores, técnicos, carpinteiros, bilheteiros, contra-regras ou outras tantas funções necessárias à vida do espetáculo - ou ao espetáculo da vida.  
    E assim vamos desempenhando nossos papéis no imprevisível palco desta existência.
 
 
Primavera Azul
Enviado por Primavera Azul em 13/01/2013
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