Foi-se o tempo
Foi-se o tempo em que podíamos valorizar a essência humana como boa e perfeita, até mesmo porque presunçosamente nos cremos a imagem e semelhança de um deus de amor e de sabedoria, e assim nos permitíamos bradar aos sete ventos: “nascemos bons e a sociedade é que nos corrompe e nos perverte”.
No fundo, somos apenas e tão somente símios que por erro de cópia, por especialização e por seleção natural, se adaptou e evoluiu criando novas ramificações na árvore vital da evolução.
No fundo somos animais, nossa humanidade não vem pré-instalada e configurada para uso direto, ela vem apenas parcialmente instalada em nosso circuito cerebral (eu digo que muito pouco de nossa humanidade nasce conosco). Isto posto, nossa humanidade, nossa dignidade humana e nosso amor devem ser construídos e solidificados em nosso plástico cérebro. Nossa mente é assim mutável e maleável o suficiente para permitir, se não tivermos nenhum maior distúrbio neural, que construamos nosso amor, nossa humanidade e nossa dignidade humana.