Não sou vítima.

Não sou vítima.

Não proponho a inércia, ou a passividade irresponsável, ou ainda a “visão” do psicopata (que não agride nem se sente agredido), porém, a agressão pode estar acentuada e ser concebida como tal dependendo de quem a sofre, e não, necessariamente, de quem a pratica, não sendo sem razão que a “pregação” do Perdão e da Não Violência tem sua força como forma de Defesa Comportamental.

Sei que sou um ser mental, desde que, excluindo os meus atos reflexos e os condicionados, a minha conduta (fazer ou não fazer) não se concretiza na prática sem antes passar pela minha mente –um simples fritar um ovo, ou o complexo enviar uma nave ao espaço, em ambos os exemplos não há como fazer para depois elaborar teoricamente (mentalmente) como fazer -, o “exercício diário” consiste em armar-se para a guerra (guerra interior para prevenir que a guerra física não ocorra).

Por que “armar-se para a guerra”? Guerra, no sentido figurado de trabalho, porque, como animal que sou, os meus instintos (pulsão), que nem sempre são valorizados positivamente, estão sempre presentes comigo e prestes a serem exteriorizados... exigindo-me certo esforço para que não ocorra...

Prosseguindo, na hipótese de eu ser ferido (agredido) por um galho de árvore, ou um animal, o mesmo ferimento poderá ser “recebido” por mim de forma diferenciada: não vou acusar a árvore de ter dado causa à minha dor, nem ao animal... Todavia, se sou agredido por uma pessoa, a mesma agressão pode ter dois aspectos: agressão sem ntenção, e, com intenção.

No primeiro caso, eu posso até mesmo confortar a agressora para que não se sinta culpada; no segundo, posso me voltar contra ela... Notando que o resultado da agressão é o mesmo nos dois exemplos, passa a depender de mim se considero ou não a pessoa agressora e o próprio resultado de sua agressão.

A “não violência” de Mahâtma Gandhi e o “perdão” de Jesus Cristo têm a mesma estrutura (mental, ou espiritual): não agredir e não se sentir agredido. Assim, alguém que passa suavemente a mão na face de alguém, isto pode ser altamente agressivo, e um dente quebrado por alguém, não. Neste mesmo plano de análise, o passar a mão teve a intenção de humilhar, e, na segunda, um acidente. Porém, aqui e ali, os resultados dos atos podem ser concebidos de forma diferente por quem a eles são submetidos, isto é, haver agressão, ou não.

De ordinário, adotando-se a frase “agressão gera agressão”, é lamentável que a violência se torne banalizada como se fizesse parte da conduta humana – além de abrir a possibilidade de haver a agressão que gera a agressão que gera a agressão, numa espiral de agressões. Nessa perspectiva, também não é sem razão que, em havendo agressão, a “filosofia” impõe a que o agressor seja agredido – basta ver o que ocorre com certas agressões tidas como graves, qual a providência do Poder Judiciário (especialmente na esfera penal): agride - ou seja, condena (cum dano – causa dano). O condenado acaba constatando, através da agressão, que a agressão não é aprovada no meio em que vive – e assim convivemos, paradoxalmente, primitivamente.

Enfim, se posso, não me sinto vítima sendo vítima – e isso me protege.

Bjs.

Ps. Será que a segregação ("prisão") de um paciente (mesmo que perpétua) num hospital tem a finalidade de agredi-lo?

Rodolfo Thompson - 06/01/2013

Rodolfo Thompson
Enviado por Rodolfo Thompson em 06/01/2013
Reeditado em 06/01/2013
Código do texto: T4070344
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