Pelo bigode de Rui Barbosa
Esses dias estava lendo uma matéria sobre Haia e, logicamente, Rui Barbosa lá estava: citações, filosofias, méritos e homenagem... Lá estava aquela famosa foto dele com a mão ao rosto, próxima ao (caprichado ?) bigode. Eu, sempre teimei em vê-lo, ali, afilando aquele "másculo acessório" tão charmoso à epoca, como que a clamar por um espelho e nele ver seu tufo de pelos, às curvas, marcante à face magra. Reflexivo do tempo, e além dele.
Então pensei...
Ele não sabe o que o espera
Ao roçar o próprio bigode
Talvez antecipe, ao ver além
O quão mudada será
A sua tão querida política
Daqui pra frente nessa Pátria
Na qual deposita tanta fé...
Se vivesse um pouco à frente
Os bigodes cortaria,
Provavelmente...
Haveria menos motivos pra filosofar...
Se vivesse várias décadas à frente
Raspá-lo-ía, de vez!
Decepcionado com o rumo
Daquilo que tanto amava
E que, já naquele agora, o envergonhava:
Democracia derrotada pelo vício
(Ela não. "Eles"! - e contra eles, nem ele)
Tamanha... (Ah! todo mundo sabe...!)
" Sinto vergonha de mim" - já naquela época...
Ah! Rui Barbosa!
Se esse Brasil tiver jeito
Se as divergências político-partidárias
Mal direcionadas, causadoras de mais brigas
Que a própria retidão necessária
Não distorcerem de vez A Política -
E país - vitimado pelas primarizações,
"Visito-te", de boa fé, no Palácio da Justiça,
Paramentada, na sua sepultura,
Depositando lá um pequenino espelho,
Um pentinho e um bom livro de oratória
Pra acompanhá-lo em suas reflexões...