Mais um dia e mais um ano se acaba. Renovam-se as esperanças para um novo ano que se inicia. Conversa fiada! Nós temos essa mania de contar o tempo, como eu aqui conto agora os dias. E o tempo contado e medido passa a existir e é efêmero. Fora isso, na verdade, o tempo não é nada. A vida sim, é tudo, conquanto seja apenas o que é, tudo o que sabemos e temos, só o que vivemos e devemos viver, o que podemos viver. Só o que devemos sentir. Tudo o mais é nada como o tempo que contamos e medimos, como o tempo que inventamos.
E nossa angústia consiste justamente nessa percepção do tempo assim, passando e nos devorando a todos, limitando-nos a um intervalo entre dois fenômenos cuja experiência nos é muito duvidosa, o início e o fim, a morte e o nascimento. E além desses fenômenos nada percebemos, nem antes e nem depois deles. E nossa maldição consiste em ter deste fato a mais nítida e perfeita consciência, a de que somos finitos. Todos os nossos medos moram aí, daí nascem todos os nossos pesadelos. No tempo contado e medido nós somos extremamente pequenos, insignificantes. E essa pequenez e insignificância sempre nos assusta, de tal modo que temos de inventar tudo além do pouco que somos e imaginar que somos eternos.
(31/12/2012)
E nossa angústia consiste justamente nessa percepção do tempo assim, passando e nos devorando a todos, limitando-nos a um intervalo entre dois fenômenos cuja experiência nos é muito duvidosa, o início e o fim, a morte e o nascimento. E além desses fenômenos nada percebemos, nem antes e nem depois deles. E nossa maldição consiste em ter deste fato a mais nítida e perfeita consciência, a de que somos finitos. Todos os nossos medos moram aí, daí nascem todos os nossos pesadelos. No tempo contado e medido nós somos extremamente pequenos, insignificantes. E essa pequenez e insignificância sempre nos assusta, de tal modo que temos de inventar tudo além do pouco que somos e imaginar que somos eternos.
(31/12/2012)