Ser radical.

Ainda é possível encontrar algumas interpretações, estudos e análises sobre o Brasil, que mantêm a radicalidade, demonstrando verve intelectual combativa. E não é para menos. Aliás, radicalidade que a realidade histórica desse país exige de quem se atreve a compreendê-lo, a interpretá-lo. Esse país que figura entre um dos mais desiguais do planeta, tem uma história pautada em injustiças, genocídios, privilégios e repressão.

Vivemos, nos dizeres de José de Souza Martins, uma espécie de história lenta. Uma história que se agarra nas amarras do passado, fazendo do atraso o seu instrumento de poder, conferindo legitimidade e privilégios aos descendentes de uma elite escravocrata, latifundiária, predadora e de mente colonizada.

Urge se fazer a reforma agrária, erradicar os trabalhos análogos à escravidão, fazer a distribuição de riquezas, acabar com a política de favores, com a corrupção, com a política que usa e manipula as questões sociais em favor de interesses de grupos políticos e econômicos que estão no poder, pressionando e influenciando para fazer do próprio poder público um instrumento de efetivação de propostas egoístas, privatistas.

Temos uma história por fazer, temos uma compreensão radical do nosso momento histórico a fazer. Temos, enfim, lutas para serem realizadas.

E radical, diferente do que o senso comum julga, nada mais é do que ir na raiz do problema, dos nossos problemas (históricos, e que ainda permanecem). E quando, neste sentido, se vai nas raízes dos problemas, a estrutura toda estremece, e quem tá no topo, sente o balançar das coisas.

As raízes dos nossos problemas ainda permanecem, diga-se de passagem, muito bem estruturadas para e por aqueles que a perpetuam; estes mantêm uma relação íntima com o poder e com o dinheiro. Uma relação que vilipendia milhares.

Por isso, não para menos, tenhamos sempre uma disposição radical ante os problemas sociais, econômicos e políticos do Brasil. Proponhamos soluções radicais. Soluções que de fato estremeçam as estruturas que foram soerguidas em injustiças, privilégios e tantas outras coisas que ainda fazem parte da nossa história contemporânea.

Oswaldo Rolim da Silva Junior
Enviado por Oswaldo Rolim da Silva Junior em 28/12/2012
Reeditado em 06/03/2016
Código do texto: T4057264
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