A Ceia dos Abutres

Os des-inícios alterados são portas de recomeços, proeminentes das esferas de poderes maiores, não por escolha mas por hierarquia.

Estamos todos a mercê da maldita hierarquia dos prazeres pessoais, onde os abutres anseiam pelo que restar de carniça do que a pouco tempo outrora foste carne nobre.

Em sua ceia, em volta da mesa farta brindam suas nobres conquistas podres, assinam papéis, mandam e desmandam, os abutres faxinam o lixo para debaixo da mesa e brindam disfarçando a maldade com a prontidão.

A passividade não incomoda o comodismo, tampouco chega perto, pois enquanto os abutres se divertem as custas das piadas prontas entre eles há um que passa as asas por cima amenizando dores, enquanto o restante das fétidas aves afiam os bicos.

Posto a competência a prova as aves negras se alimentam lambendo os bicos sujos, planejando a refeição próxima, em cima da mesa os respingos da atual refeição, competência, paixão, vontade, beliscam de leve tais sobras para nada sobrar a mesa.

Se levantam e partem, planando seus planos de grandeza através das asas sujas, gordos, satisfeitos, de consciência falida limpa com ego, brilhando tradicionalismo barato, cheirando a mofo de coisa velha.

O novo inicio parece o começo do fim, enquanto lavo as louças da ceia dos abutres, observo a fila da refeição, esperando a minha vez de ser transformada em carniça, sendo a guarnição dos pratos principais, para que tenham motivos para me levarem a mesa e apetitosamente comerem meus sonhos.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 27/12/2012
Reeditado em 27/12/2012
Código do texto: T4054941
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.