Pequeno Desabafo

Quando eu era mais nova(devia ter uns 12 ou 13 anos) eu peguei uma faca em meio a lagrimas e fui para o quarto da minha mãe, estava disposta a tirar a minha própria vida.

Eu chorei durante um bom tempo com a faca nas mãos, depois me sentei na cama e coloquei a faca na altura do meu peito, e então fui fazendo uma certa força, apertei a faca contra meu peito lentamente e conforme a faca ia fazendo doer, havia uma voz que ecoava na minha cabeça me chamando de fraca, feia, gorda, cabelo duro, inúmeras acusações, eu estava totalmente perturbada e de certa forma aquela voz me dava forças para continuar com aquele plano.

Porra! Era muita coisa pra uma menina tão nova, muito julgamento desnecessário e eu continuava com a faca nas mãos, eu realmente ia me matar, queria mostrar pra todos que eu era forte sim ou talvez precisasse mostrar isso pra mim mesma. A verdade é que eu gostaria de atingir a todos eles assim como eles me atingiam só que de uma forma mais cruel e dessa vez contra mim mesma.

Em um momento de lucidez larguei a faca e apenas chorei, chorei muito pois naquele momento desistir do suicídio era como assumir ser incapaz de fazer qualquer outra coisa, na verdade era assumir pra mim mesma que eu era fraca demais para ir adiante.

Ainda com a faca nas mãos e totalmente descontrolada lá estava eu deitada na cama da minha mãe, tentando entender o que eu iria fazer comigo mesma. Logo em seguida minha mãe chegou tirou a faca da minha mão, chamou minha atenção, me abraçou e depois saiu e eu continuei ali um bom tempo chorando e ouvindo as vozes que não se calavam, eu sabia quem tinha a culpa daquilo tudo, foram todas as pessoas que não pensaram bem antes de me ofender, pessoas que me criticaram por causa do meu peso ou do cabelo, enfim criticas inúteis que me fizeram ficar tão mal a ponto de pensar em desistir.

Hoje eu entendo o quanto eu fui forte, fui forte durante muito tempo, as vezes tinha umas recaídas, tentei me ferir com tesouras, eu tentei acabar com tudo o que me fazia mal, não eu nunca me cortei, eu não tinha coragem e foi por falta de coragem também que eu não tirei a minha vida ainda, é ainda, sabe-se lá até quando eu vou continuar assim sem coragem, possa ser que um dia a dor fale mais alto, espero que nesse dia tenha alguém ao meu lado, que perceba meu desespero e que evite essa tragédia.

Bruna Carvallho
Enviado por Bruna Carvallho em 22/12/2012
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