Não procures

Não procures pelo Amor,

Construa-o.

Não busques a felicidade fora de ti,

Construa-a, entregando-se por inteiro a amar o que você tem e a desejar apenas e tão somente o que lhe for possível. Abra mão da esperança ilusória, que nada cria, que nada transforma, que apenas domestica meu ser em uma esperança romântica de que por passe de mágica algo possa acontecer. Troque esta esperança inativa, passiva e falsa porquanto nada pode ajudar, a não ser a me domesticar, e troque-a pela possibilidade de construir sua felicidade, de construir sua vida, e de possibilitar que você seja ator e diretor de sua própria vida, sempre tendo em mente que a fatalidade nos espreita constantemente. A aleatoriedade da complexidade do existir, por si só, pode destruir nossa caminhada, ou ao contrario pode alavancar novas caminhadas e novas realizações.

Não busques a paz

Construa a tua paz.

Transforme-se, revolucione-se e reinvente-se continuamente.

Revolte-se contra a desumanidade, inquiete-se contra o abandono social, insurja-se contra a mesmice, rebele-se contra a ganância politica e econômica, insubordine-se contra a prepotência, a vaidade, a arrogância e a presunção, como se fossemos melhores, ou como se fossemos superiores. Aja e reaja contra a pobreza de espírito daqueles que desejam que tudo continue como está.

Aproveite-se da plasticidade cerebral para que de forma ativa e recursiva possas realimentar positivamente sua gênese diária de um novo ser, entre os muitos que você já é.

Quem entrega sua vida nas mãos de terceiros não merece a vida que tem.

Ninguém possui domínio total e absoluto sobre sua existência. Todos somos diretamente frutos e filhos da fatalidade, onde a complexidade quase infinita dos acontecimentos, das causas, dos eventos e dos cruzamentos da linha de existência de cada um destes quase infinitos fatos, impacta diretamente nosso viver, nosso realizar deste mesmo viver e nossa percepção dele.

Ninguém ama em terceira pessoa.

Ninguém é feliz em terceira pessoa.

Ninguém realiza um estado de paz em terceira pessoa.

Ninguém ama por mim.

Ninguém é feliz por mim.

Ninguém vive a minha paz.

Por isto, amar, ser feliz e realizar um estado de paz é uma tarefa somente realizada em primeira pessoa, pelo ente, ou por um dos entes que aquela mente possibilita. Isto não significa que podemos amar, ser feliz ou viver em paz, desatrelados do mundo em que vivemos e sem coesão com os seres vivos que povoam ente mesmo mundo e com quem dividimos a culpa pelo que aqui está. Não podemos esquecer que amar entre muitas coisas é se doar, é estar disponível para caminhar junto, é ser altruísta, é também se revoltar pelos outros, assim amar, ser feliz e realizar um estado de paz é comungar com terceiras pessoas. É impossível ser verdadeiramente feliz isolado de terceiros e que qualquer estado de paz necessita e implica ser sociabilizado por e com terceiras pessoas.

Não deveria amar ninguém apenas porque este alguém me ama, e sim, em contrapartida, porque amo a este alguém, deveria construir um amor tal que esta terceira pessoa possa senti-lo, experimenta-lo e assim por vias diversas vir até mesmo a me amar também.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 21/12/2012
Código do texto: T4046277
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