ANTIGAMENTE

“E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido”.

(Alberto Caeiro)

Antigamente as pessoas viviam; hoje são vividas.

Ainda vivi um pouco o “antigamente”, e acredito conservar algo daquilo em mim...

Mesmo que a vida fosse difícil, lá na sua aldeia, na sua comunidade, distante do resto do mundo... Lá aqueles habitantes viviam todos os sentidos de que é contemplado o ser humano – viver é experimentar os sentidos. Parece que muitos não sabem o sentido disto.

Aqui, onde a tecnologia nos trouxe, onde o capitalismo dita as regras de convivência, a vida parece muito mais fácil, porém o ruim é que isto não passa de mera aparência.

Assim, somos objetos dos objetos, vividos por eles... Os quais feitos para facilitar a vida, que, por conseguinte, terminam por viver a gente, tirando-nos o que é simples, como por exemplo: “ouvir passar o vento”.