Um breve desabafo...
Nada me dói mais do que ter a certeza de que somos tão frágeis e efêmeros. Agora há pouco recebi a notícia que um garoto da faculdade faleceu no começo da noite. Foi atropelado por um caminhão e não resistiu a uma cirurgia.
Não o conhecia muito bem, mas temos muitos amigos em comum, portanto eu o vi várias vezes passando pelo campus, conversando com alguém que conheço ou até mesmo nas festas e nos bares, mas isso tudo me doeu tanto. Sabe, muita gente está dizendo que é uma pena porque ele tinha apenas 20 anos e era um garoto bom, guerreiro etc. Independente de tudo isso, me dói pensar que ele era uma pessoa única, insubstituível portanto, não apenas pros pais, pra namorada, pros amigos, mas pro mundo, sabe? Ninguém nunca mais vai ter a vida dele, vai sonhar os sonhos dele, vai sorrir o sorriso dele, ninguém, NUNCA MAIS, vai ter a oportunidade de dizer pra ele que o ama, vai sentir a presença dele, ninguém jamais vai saber dos segredos que ele nunca contou a ninguém, ninguém vai realizar os sonhos que ele não teve tempo.
Eu tenho a impressão de que tudo fica numa espécie de suspensão eterna, o trabalho de amanhã, a partida de futebol, a conversa que ficou pela metade, o eu te amo que ele não teve tempo de dizer, o livro que ele jamais acabará, o filme que ele deixou pra semana que vem. Tudo suspenso, imóvel, preso.
Impossível não me sentir pequena e indefesa em meio a isto. Impossível também, nestes momentos, por mais egoísta e mesquinho que isso seja, não me sentir grata pela minha vida, e pelas pessoas que eu amo. Impossível não sentir necessidade de viver, de fazer tudo isto valer a pena, como eu sei que esse garoto fez a vida dele, ainda que tenha sido tão breve, valer a pena.
Talvez seja essa a grande lição que tenho e temos de aprender, amar o próximo e a vida como se não houvesse amanhã, sermos bons e felizes porque o nosso tempo é esse: o agora, e ele dura pouco, pouquíssimo!