Dois Violões
Tiro a poeira daquele violão escorado na parede. Suas cordas desafinadas não me fazem desistir. Dedilho alguma coisa. Toco bem baixo que é para não acordar quem dorme ao lado. Não canto a canção, só reflito a letra.
Então me lembro que a música é cantada em dupla. Acabo saindo do ritmo.
Busco no pensamento a outra voz para me acompanhar. Mas faz tanto tempo que não a ouço. Umas 24 horas. Tempo suficiente para fazer falta.
O relógio anda. Mais uma hora se passou. Já perdi o ritmo e a letra da música.
As batidas no violão são estranhas, violentas. Quebro duas cordas.
Preciso da minha dupla. Preciso da sua voz. Preciso da sua presença.
Ela vai saber consertar as cordas, vai me colocar no ritmo e vai cantar a canção que eu fiz.
Fiz para ela.