Ocorre que o sol se deitou 
E a coisa deu-se crescente

Como fora um asco que percorreu-me corpo e mente
Como fora grávida de minha liberdade
E num fechar e abrir de sol,
De tudo isto me apartasse



E neste sonho que ninguém mais sonhou, 
Quanto tempo gastei de mim ?


Cismo se valeu...
Se o qu’escavei tanto m’encardiu as mãos
M'esfolou  unhas e dedos
Entrou por veias e nervos
E nestes corredores duvidei ser poeta
Por esta porta assim...Tão aberta
 
Ocorre que sangro,
Qu’espanco outra lacrada  porta,
Que cuspo bem longe o que mi’a boca aborta
E nem encontro um lago onde me dispa do visgo
Ou um mísero jarro
A que lave minhas mãos e meus braços...

 
Ocorre que não vejo leito
A que corpo e verso deite
Não vejo janelas
Uma que me feche  por dentro sem tramelas
Não vejo vela a que assopre e adormeça liberta
Em mi'a própria cela...



E neste sonho que ninguém mais sonhou ,
Quanto tempo gastei de mim ?


E este meu pensar... 
Terá mesmo um pesar?
Ou tão somente um meu poético espetáculo
Será tudo de verso pensado?
Talvez um veio...
Um braço de meu ser viciado...














*Parece estar chegando o tempo de findar este tempo,
e não digo do tão relatado  fim de mundo,digo dum tempo meu...de vôos...de gaiolas abertas,de dores libertas...silencio e espero...




Adah
Enviado por Adah em 10/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
Código do texto: T4028418
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.