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Ocorre que o sol se deitou
E a coisa deu-se crescente
Como fora um asco que percorreu-me corpo e mente
Como fora grávida de minha liberdade
E num fechar e abrir de sol,
De tudo isto me apartasse
E neste sonho que ninguém mais sonhou,
Quanto tempo gastei de mim ?
Cismo se valeu...
Se o qu’escavei tanto m’encardiu as mãos
M'esfolou unhas e dedos
Entrou por veias e nervos
E nestes corredores duvidei ser poeta
Por esta porta assim...Tão aberta
Ocorre que sangro,
Qu’espanco outra lacrada porta,
Que cuspo bem longe o que mi’a boca aborta
E nem encontro um lago onde me dispa do visgo
Ou um mísero jarro
A que lave minhas mãos e meus braços...
Ocorre que não vejo leito
A que corpo e verso deite
Não vejo janelas
Uma que me feche por dentro sem tramelas
Não vejo vela a que assopre e adormeça liberta
Em mi'a própria cela...
E neste sonho que ninguém mais sonhou ,
Quanto tempo gastei de mim ?
E este meu pensar...
Terá mesmo um pesar?
Ou tão somente um meu poético espetáculo
Será tudo de verso pensado?
Talvez um veio...
Um braço de meu ser viciado...
*Parece estar chegando o tempo de findar este tempo,
e não digo do tão relatado fim de mundo,digo dum tempo meu...de vôos...de gaiolas abertas,de dores libertas...silencio e espero...