Quer saber? ... eu também já tive  minhas crises de identidade... minha mãe cismou de me botar o nome da minha vó... Leticia. Tá, até aí tudo bem. Só que nunca ninguém informou isso pra pobre criança, que em casa até os quase sete anos era chamada de rachel, rachelzinha, quequel, borboletinha, essas coisas e outras...Daí a criança chega na escola primária, em plena ditadura militar, 1971, imagina, e não sabe nem o próprio nome... e a professora chamando, - Quem é Leticia? – eu, - eu não, meu nome é Rachel... Não, criaturinha analfabeta! Seu PRIMEIRO nome é Leticia, e na escola (rigidez de quartel) você TEM de ser chamada pelo seu primeiro nome! - Show... estava decretado o meu destino. Duas forças opostas e indissociáveis para todo o sempre. Leticia Rachel ? que nome é esse? Da onde saiu ISSO ? Cheguei em casa e fui direto perguntar pra minha mãe . Resposta sincera, mais clara impossível, principalmente para uma criança de seis anos. – Seu nome? Ah! É só uma homenagem pra sua vó. Mas como era o nome da SUA VÓ, nós resolvemos chamar você de Rachel... Por que Rachel? Porque era pra ser LETICIA MARIA, mas aí no mês em que você nasceu , por causa do concurso de MISS , ( miss qualquer coisa que eu não lembro agora se era Brasil ou Guanabara) , a gente resolveu te por o NOME DA MISS , que era Rachel. Simples assim. Conclusão da criança: um nome era da MISS, o outro, da vó... e EU, quem era???? E a Maria, coitada...? por que não Maria? Já viu né? Foi uma grande aventura passar a infância sendo chamada de Rachel de um lado e Leticia do outro. O pior é que dava calafrio cada vez que alguém de um dos círculos de amizade descobria a situação e resolvia dar uma de engraçadinho, como, alguém de casa me chamar de Leticia, e alguém da escola me chamar de Rachel. Parece doidice né? Mas depois que minha mãe morrer eu conto os detalhes da peça que ela me pregou com essa estória desse nome... antes não posso... minha mãe é dessas flores delicadísssssssssisssssssssimas que se ofende com tudo e quase morre por qualquer coisinha. Claro que ela nunca soube... pena! Mas fazer o quê? Tratamos as pessoas como elas nos permitem tratá-las não é verdade? Ultrapassar esse limite é desrespeitar o espaço inalienável do outro. E eu amo respeito. O respeito que quem respeita, merece. E eu mereço, e muito. Demorou um pouco pra entender, mas depois que entendi...entendi!

 
Miss Jade
Enviado por Miss Jade em 09/12/2012
Reeditado em 15/12/2012
Código do texto: T4027301
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