Ela estava oprimida. Presa atrás de grades imaginárias.
Era assim que Augusta vivia cada momento. Num embate constante.
Acordar era começar uma nova batalha ou continuar a batalha do dia anterior. Exaustivamente repetia essa rotina. Dia após dia.
Viver tornava-se um peso cada vez maior. Augusta havia se transformado numa caricatura. Virou cópia mergulhada numa existência genérica. Totalmente ignorante. Sem consciência de si. É isso que o mundo civilizado fez. Tirou-lhe a essência.
Às vezes seus óculos embaçam e são nesses momentos que ela consegue observar melhor. Nota na sociedade tanta podridão que chega a ter a sensação desse cheiro possuindo sua pele. Lentamente decompondo seu corpo. Quem disse que nascemos para ser livre engana-se. Estamos todos fraternalmente unidos nessa prisão.
Augusta é só mais um natimorto.