UM NAVIO A DOER

Na madrugada de 06 de dezembro de 2012

Meu navio, navio a doer, ancorado no cais. Meu navio, navio a querer partir, mas, sem poder partir, além de outras razões, por não ter comandante que o dirija nem sonho de porto para onde navegar e aonde chegar, e ele, navio, não deseja partir para se tornar objeto à deriva, perdido sem remissão em alto mar. Ah, âncoras do meu navio, âncoras fundas do navio ao qual vou dar, paradoxalmente e contra todas as evidências, o nome "Esperança". Ah, âncoras do meu inútil navio, ah, meu pobre navio chamado Esperança, assim perdido, ancorado sem rumos, neste cais!

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