Versos malditos

Quisera falar de amor e que as minhas palavras fossem bailarinas soltas fazendo piruetas sem seguir a linha, que as letras fossem flores sobre o papel... Mas os meus escritos não marionetes para que os guie e faça que atuem qual personagens lúdicos arrancando risos,"bravos" e palmas dessa platéia, que a contra gosto se põe muda por não ter do que sorrir.Queria conduzir os sentimentos e não que eles me levassem ao seu bel prazer, transformando em dor e lágrimas simples rabiscos sobre o papel...E se é que a vida me fez poeta, sou poeta maldita... Mãe de odes tristes e prima-irmã da elegia... Amiga dos suspiros dos ais e da dor... Quisera pôr um pouco de doçura em cada palavra que cai e que cada frase formada por elas fosse uma sucessão de "eu te amo" e” a vida é bela “... Que elas soassem como alento ,e não como canto fúnebre a ouvidos já doloridos de escutar lamúrias.. Mas não posso fazer que essas letras se façam de santas e vivam de aparências, que escrevo o que sinto. E perdoem-me por extrair do meu âmago o que ao invés de enterrar, lanço ao vento, na tentativa quase vã, de fazer que alguém um dia, por não poder escrever, faça suas minhas palavras e que eu entenda por fim, que não sou única no mundo a maldizer em prosa e verso, o que a vida fez de mim... Mas perdoem-me, não posso mascarar sentimentos e mais ainda, perdoem-me se não lhes agradam meus versos, se tampouco agradam a mim...