NUM BREVE ENSAIO DE BRASIL

Hoje o aeroporto internacional de Guarulhos computa seus prejuízos catastróficos depois que quinze mil pessoas ontem acompanhavam o Embarque do Esporte Clube Corinthians para o campeonato de futebol lá da Ásia. Um acontecimento histórico digno dos livros atualmente algo esquecidos!

A bem da verdade, confesso, sei que o timaço vai jogar lá no Japão mas sequer me interessei muito por saber que campeonato seria esse.

É que não tenho tanto favoritismo assim, EU TORÇO PELO QUE POUCOS TORÇEM e viver sem time é quase um pecado capital.

Viver sem ídolos então...é quadro de psicose esquizóide.

Será que o tal campeonato do outro lado do nosso mundo seria algo para salvar o planeta do seu fim tão próximo? Quem sabe o fim chegou.

Por aqui, claro que não é novidade o tal movimento "futebolístico" que convulsiona as massas, todavia, hoje as reportagens mostradas pela imprensa assustavam ao menos o discernimento daqueles que ainda ousam, digamos, repensar bem "un passant" o todo impressionante de todos os campos minados do Brasil, aliás -Sampa continua literalmente minada apesar da troca dos discursos , digo pensar o todo sem necessariamente ser o campo das bolas de futebol que rolam pelo gramado, tanto quanto nos rolam todas as demais causas cidadãs tão prioritárias e urgentes entre nós.

Chamou-me a atenção um jovem que euforicamente parecia meio atordoado com o destino do seu querido timão, e que aos berros concluía assim:

"Cara, uhu, a causa é nobre, é nobre cara!- e é por isso que estou aqui, é como se fosse pela minha mãe, pelo meu pai, pela minha família..."-

"Ao menos se fosse uma euforia por uma nobre causa pelo nosso todo tão sofrido chamado Brasil"- eu ousei sentir. Só sentir, será que pode?

Enquanto isso, num discurso em prol das pessoas deficientes dizem que a Nossa Presidenta cometeu uma gafe por usar o termo pessoas "portadoras" de deficiência, foi vaiada, mas logo ela se corrigiu e foi aplaudida:"desculpem, portadoras não, o termo é preconceituoso, o certo é "pessoas deficientes" e ponto.

Então, aprendi com a reportagem da Internet que usar o termo "portador" é inadequado. Eu não sabia, e ao que tudo indica a Presidenta também não. Afinal, é moda não saber de nada...

Mas o que eu sei, e tal eu garanto que sei mesmo, é que termos, palavras conotações e discursos soam ao vento.

O que conta mesmo é atitude. Essa fica para sempre.

O que conta é contar a verdade, falar menos e fazer mais, é promover cidadania sem etiquetar mais ninguém.

É recolocar socialmente tantas minorias excluídas da educação, a mesma massa esquecida pelo Estado, negligenciada cada vez mais, que aos poucos faz revoluções silenciosas minando o poder do próprio Estado que lhe vira as costas, enfraquecendo a sociedade e nos expondo a todos ao caos social do presente momento.

Isso sim é preconceito, não olhar para TODOS os lados.

Etiquetar pessoas sejam elas quais forem, isso sim são práticas inadequadas que fazem das infelicidades dos outros um eterno trunfo político.

Mas enquanto isso, temos que barbarizar no aeroporto e nas tantas Copas, assim como também no penúltimo último lugar em educação no ranking mundial de tinta e nove países, todavia, educar não, aqui não é causa nobre.

Aqui quem "não educa ama" a si próprio, ao púlpito do perene poder.

O que vale mesmo é movimentar a multidão, traçar o mapeamento do vício das massas e reverter cada agradinho social, mesmo que equivocado, em voto na urna.

E com o aplauso das torcidas!

Discurso para a minoria é para o povo apenas ouvir e aplaudir, nada mais, discurso não faz gol social algum, podem ter certeza.

Aqui eu amplifico minhas letras com as lupas dum coração que pulsa pelo social que vejo e cuido todos os dias.

Entre nós vale muito mais qualquer "bolinha" na rede inadvertida das massas do que a bola dum político a fazer gol, a trepidar na rede pela sociedade inteira.

O que falta entre nós é um líder silencioso que conduza o país pelo timão da igualdade de cidadania rumo a um futuro promissor.

Acho difícil diante de tudo. Quantos penaltis perdidos na cara da rede!

Se um dia tal acontecer eu gritarei Gol pelo timão inteiro, aquele timão que nortearia um destino mais digno para o País de todos nós.

Até lá eu tapo os ouvidos e fecho meus olhos para minha dor doer menos, neste meu perene mar de indignações...