Já que nascemos

Ao nascermos nos expomos por completo a realidade da existência.

Assinamos um pacto vital com a morte, e a reciclagem final será nosso destino natural.

Realizamos a frágil, complexa e incontrolável experiência do viver, mas realizamos também a maravilhosa e única experiência do mesmo viver. Não nos é dado a capacidade de viver por outrem, nem de que outros por nós vivam. O viver é uma relação biunívoca, entre sermos e existirmos, entre experimentarmos e realizarmos, entre sentir e realizar, mas principalmente entre nós mesmos e o universo exterior, relacionamento este que somente é possível pela realidade de nossa existência e pela realidade do que nos cerca, pela pura realização de nosso viver.

Não pedimos para nascer, não nos foi dada a opção pelo nascimento. Mas já que nascemos, e passamos pela infância, e de alguma forma chegamos a ser homens e mulheres, resta-nos apenas nos encontrarmos conosco mesmo, sendo unos com nossa humanidade e com a natureza, buscando um equilíbrio na multiplicidade de nós mesmos como devemos buscar o equilíbrio na multiplicidade do relacionamento com a realidade física, social e humana. Resta-nos o direito e o dever de realizar nossa experiência do viver em felicidade, pela construção do amor, pela dignificação da humanidade, e pela harmonização do animal com o humano, do desejo instintivo com a vontade humana e finalmente pelo encontro do amor com a razão.

Arlindo Tavares
Enviado por Arlindo Tavares em 02/12/2012
Código do texto: T4016606
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