Ela era feliz e não sabia.
E um dia, tudo deixou de fazer sentido. Ele não era para ela mais nada do que antes fora. Era apenas um conhecido. Alguém que lhe suscitou interesse e que lhe mostrou o lado mais excêntrico das mulheres sem ser a vaidade. Alguém que se foi destacando com a sua personalidade própria e o seu feitio meramente contrário ao dela. Aliás, o que mais a cativou nele, foi a sua capacidade de conseguir ser sempre o oposto dela.
E os seus olhos brilhavam quando ele olhava para ela, era imperceptível o seu reflexo no olhar tremulo e húmido dele, pelo extraordinário brilho sobreposto ao castanho avelã da sua íris. E quando ele delicadamente dizia o seu nome, num tom suave e adocicado, ela sentia uma profunda admiração pelo simples facto de ele o fazer como mais ninguém, soprando-o numa breve expiração.
Duas pessoas que pareciam inseparáveis, duas almas que aparentavam ser incrivelmente feitas uma para outra, de repente, amarelaram, murcharam, como duas delicadas flores arrancadas na primavera expostas ao sol sem nenhum tipo de protecção.
Porquê? Porque ninguém é feliz numa relação quando apenas um dos elementos consegue expressar verdadeiramente o tom apaixonado e louco a que o amor propõe. Ela não era feliz, porque a felicidade é composta por momentos, momentos aqueles que ela não valorizou pensando ingenuamente que podia ser feliz constantemente, mas ele representava tudo aquilo que ela um dia subestimou, um homem!