Em casa, Consciência!
Depois de anos do lado de fora, me sinto feliz em voltar pra casa, voltar para o que é meu, para minha consciência... Fico feliz em olhar para trás e ver como foi longa essa estrada que caminhei até chegar aqui: não teve retornos, nem placas de aviso, nenhuma parada, passagem só de ida para dentro de mim!
Admiro pela janela embaçada do ônibus a paisagem que, no fundo, não me poderia ser tão estranha! Parece mais com um beco sem saída, que tem como meta o infinito. Um espaço bem delimitado aqui, um voo paralelo até o outro lado da rua, uma outra existência de minha vida, uma outra essência que se perdeu, em qualquer perfume, em qualquer frasco... Outro lado de mim, meu subconsciente... Ainda estou inconsciente?
Foi essa estrada que me mostrou que, bem no fim, esse vazio crônico que se faz aqui presente, aqui dentro, era apenas saudades de casa... Hoje, finalmente, depois de muito caminhar, de muito sofrer, aprender, amar, estou de volta, estou em casa, com a minha consciência... Me dê as chaves, pois estou chegando!
Estou vivendo em paz! O cheiro do passado já não me causa mal-estar e o futuro, nenhum frio na barriga... Estou na segurança do meu lar, da minha razão... Por que mesmo que eu parti? Ah, sim! Foi porque eu quis! Voltei porque se fez necessário... Saudades de mim, sabe?
Me entreguei a loucura, ao caos, a novidade, ao impactante. Mas estou de volta a minha lucidez, ao meu rumo, em minha casa... Os móveis estão no mesmo lugar... Há muito não se vê a luz do sol por aqui!
Toco os objetos, encontro um porta-retrato com neblina do tempo pairando suavemente como uma delicada cortina de renda fina... Alguns anos se passaram e eles se mostram vivos em meus dedos empoeirados...Mas os rostos de pessoas queridas e saudosas ficam mais nítidos sem essa cortina de passado. Então percebo que terei muito trabalho em limpar a mente e organizar o coração... Lágrimas virão e são necessárias, como gotas de alívio a purificar a alma...
Me sinto feliz por estar aqui, em meio a toda essa bagunça que deixei... Mal me lembrava que estava tudo tão assim, tão fora de lugar, tão eu! Fui para longe da minha razão, fui para muito além da realidade, presa em minha mente... Mas estou de volta a sobriedade, novamente lúcida, dona de mim, senhora do meu coração...
Nessa casa habita meu eu, minha consciência e tudo que é meu ... Bem vinda vida, bem vinda razão!