Por duas horas, simples assim.
Diante de mim, aquela folha de papel branco parecia desafiar o instinto criador, assim como o jogo de palavras que me dei ao luxo de sair perdendo. O tempo que fazia lá fora era irrelevante, mas a educação da forma gentil sempre causa impressões.
Sem sugestões, a mente parecia estar descansando, mesmo que sem querer, apenas se permitindo ouvir os ruídos aleatórios que vinham de todos os cantos. Longas pausas se faziam entre palavra e outra, mas estas eram apenas um artifício de fazer passar o tempo.
Passou o tempo, 70 vezes, desde ontem. A música do recente passado faz-se sonora, mesmo quando sobrevive por 70 vezes o tempo.
Bem por aí, nessa altura do pensamento, alguma lembrança de tirar o orgulho de qualquer camarada passeou pela lembrança de alguém, e veio o pensamento de que a tinta envelheceu no papel, e que sempre há um porém para me levar a algum lugar distante das realidades tão bem desenhadas.
Foi-se embora a menina de sorriso aberto, deixou dúvidas, como sempre soube deixar, mesmo sem saber de um quase absoluto nada.
Agora o rio inunda seu leito, antes tão pálido e monótono, o rio veio preencher com sua riqueza a palidez de tantos dias brancos, como o açúcar do teu afeto.