Ao meu Pai
AO MEU PAI
Ele saiu, em véspera de natal, com um amigo e nunca mais retornou para nossos olhos físicos. Quando o trouxeram, era somente um corpo dentro de um caixão. Lacrado, acidente de carro confirmando que bebida e direção não combinam ao demais, tendo em vista os dias passados desde a sua morte. Meu pai era um homem alegre. Gostava de música, de estar com amigos, conversar, pescar. Toda vez que tinha folga do serviço, fazias seus consertos na casa, ou arrumava uma pescaria em algum riozinho próximo, éramos 7 filhos 5 menores, as vezes nos reuníamos em torno da bagunça, colocar os sete em uma cama dava trabalho, até se aquietarem passavam horas de vez em quando vinha aquela voz do pai q”quieta meninos , dorme !!”, ao ouvi-lo reinava o silêncio.
Ele contava com seu violão umas moda caipira de forma pausada. Ia descrevendo as cenas, uma a uma, reproduzia os diálogos da cantoria. Por vezes, meu irmão e eu, mais impacientes, saímos nos tapas “ele qui começou, não foi ele !!? Conta logo então era fazer fila e entrar na cinta. Depois ele sorria mostrando seus dentes curtos, bem moldados. E continuava com a mesma calma. Tê-lo em casa era muito bom e significava mudança na estrutura da casa “hoje uma mansão perto do quartinho que um dia foi. Meu pai! Quantas saudades! Ele não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro. Constituíra família cedo e os sete filhos lhe exigiam que desse o máximo de si. Insistia que precisávamos estudar. E estudar muito.
Ensinou-nos a honestidade, ensinou-nos que melhor era ser enganado do que enganar.
Viveu no tempo em que a palavra de um homem era documento mais válido do que nota promissória, duplicata ou qualquer título financeiro. Legou-nos um nome honrado e disse-nos que o dignificássemos, ao longo de nossa vida. Em um certo dia me chamou para ir pescar foi um dos últimos momentos que estivemos juntos, olhava para mim, com orgulho e dizia: Um dia você será uma pessoa muito importante!
Hoje, quando viajo pelas estradas, muitas delas velhas conhecidas de meu pai, eu o recordo. Ele não conheceu todos os netos. Partiu para a Espiritualidade, em anos jovens, deixando-nos um grande silêncio n’alma. Nas festas de Natal e Ano Novo, nos encontramos é muito forte o dia 24 de dezembro de 1984.
Hoje ,Rimos, ouvimos música, dançamos. Porque ele nos ensinou a sermos assim.
A vida é dura, mas nós a podemos adoçar, se quisermos. – É o que dizia.
Meu pai, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente nesta época em que os pais são recordados pelos filhos, que os brindam com presentes. Meus irmãos e eu te brindamos com a prece da nossa gratidão:Obrigado por nos terdes dado a vida.
Obrigado por nos terdes ensinado a bem vivê-la.