A Incompetência e as Artes
Muitas pessoas julgam que aqueles que tomam o caminho das artes (assim como o do magistério) são indivíduos frustrados e incompetentes profissionalmente. Recorreram a esse artifício para escaparem do fracasso completo como ser humano. De fato, existem diversos exemplos de autores que se formaram em um curso superior e depois decidiram ir pelo caminho da literatura. Existem também vários atores e dramaturgos que possuem esse perfil. Mas isso não sinaliza em nada que eles são indivíduos incompetentes e frustrados. Estou ciente de que a arte chama, convoca, seduz o candidato a artista. Ele não é orientado a seguir o caminho dos fracassados, mas sim a seguir o caminho da beleza, da criatividade, da sensibilidade.
Pois a arte não é a última das opções profissionais ou de modo de vida, ao contrário, é uma das primeiras que surgem na mente da espécie humana, e isso desde a infância, desde quando uma professora pede para uma criancinha desenhar e pintar algo ou alguém. E isso, que é tão primário, já é um impulso artístico que é despertado. Logo, a arte não é um lugar grotesco, não é um gueto dos fracassados da sociedade, mas sim o paraíso dos eleitos para serem os indivíduos que fazem a diferença. São os sujeitos que embelezam, que criam, que divertem ou ensinam aos outros, justamente aquela maioria da população que não possui os dons artísticos. E, no final das contas, o artista é um ser que perpassa os parâmetros da competência e da incompetência social. Pois ele não pode ser medido, nem contido, pois dentro dele habita a arte.