Tempo
Tempo, creio em ti como ordem suprema, como peça fundamental para a construção do dia-a-dia.
Só a ti pertencemos, pobres tolos, de ti somos escravos, criados, submissos...
Permanecemos, miseráveis, ao seu dispor, a sua ordem, a sua vontade, a tudo que planejas meticulosamente, e sem erros.
Caminha-te lentamente, entrelaçando destinos e histórias, que aparentemente análogas são, no entanto, desconexas.
Incoerente, porém sábio, dai-nos as peças desse quebra cabeças que se chama vida.
Tempo, senhor rei, reconsidere os fatos, torne-nos parceiros, permita-me compartilhar dos seus desígnios.
Afinado, concede-me a certeza de que há retorno, desforço.
Ardiloso, que és, com vontade própria, em silêncio eu rogo por sua comiseração, torna-te meu pai.
Um vez que incoada sua justiça, meu peito brada de alegria e certa de sua cumplicidade, sinto-me resgatar o brio dessa alma que vos obsecra piedade.(Flávia Santana)