O Toque Que Nos Rodeia

Na noite escura sobre uma névoa enxurrada de poeira, as mais intrigantes dúvidas surgem para um homem que reflete a vida nas diversas faces que o possui. A mulher, para ele tão amada e fingida, vem de frente como objeto de desejo, inalcançável e distante quando apenas letras formadoras de palavras são usadas para chegar até ela. Os pensamentos que pairam sobre si tentam afastar a névoa densa da cabeça do autor, ou juntá-la mais ainda de tal forma a tornar sua visão totalmente fosca. Além do elemento tão sublime e chamativo, há outras controvérsias. A natureza oferece de monte. Seja a música orquestrada na cultura daquilo que se ouve, até mesmo a tentativa de explicar o porquê da sinfonia perfeita regida pelo maestro obscuro, conseguir atingir tão bem os estudiosos e tendenciosos.

O que falar dos eventos naturais e carnais que entram e saem por nossas cabeças? Talvez seja possível em algum tempo que uma maneira sublime e simplista apareça e oferte a possibilidade de explicarmos tudo que nos preenche de interrogações tortas. Podiam ser retas, mas não são. Sempre que surge uma indagação no mentor humano, diversas linhas e ramificações egressam de um lado e de outro. Isto, de forma bela, enriquece nossa capacidade de relacionar as coisas que nos rodeiam. Permutamos as ideias movidas por opiniões que criamos e copiamos. A base de tudo é longínqua e tão grande que se tentarmos encontrá-la para com firmeza pisá-la, passaremos anos sem entender sequer o motivo de tal busca. Parece confuso, mas apenas em pensar na hipótese o tal sistema já trata de multiplicar a quantidade de variáveis inter-relacionadas. Aí, tudo fica longe, longínquo como dito.

Entendo a intenção de explicar um fato ou outro por meio de palavras. Alguns, dependendo do conteúdo do que se quer, usam números, mas poucos tentam da sutileza daquilo que surge tão sensível em nós mesmos. Falo em algo puritano no sentido da palavra e sem peso histórico. A essência aparece como algo imiscível, mas não há regra proibindo de tomarmos este elemento usando, com atributos oferecidos a nós, uma sopa primordial e detentora de pontos e exclamações para nossas frases cheias de interrogações. A verdade não está no homem, mas na natureza que o rodeia. Depende dele, buscar este elo sutil que o fará descobrir quão belo é o lugar onde se vive. A ignorância não pode estar presente neste contexto, pois a mesma funciona como oxigênio que retira elétrons e corrói a corrente do mundo exclamativo para o mundo interrogativo.

Os apelos sem sossegos daqueles que buscam a evolução ideal são tomados pela opressão de fados comuns e taxativos. Porém, apesar de sua mesquinhez, tal ato é válido e fácil para todos, até mesmo para os que seguram o peso. A completude dos que enxergam além é muito maior para serem abalados pela ferramenta da desobediência intelectual tomada por pequenos. Pergunta-se sobre um texto, e a resposta é a interpretação tão pequena quanto eles, às vezes até rica, mas nada além da simetria universal e perfeita do lado oposto. Se a indagação for à volta de números, contas vultosas crescem sem fim e sem sentido algum, a não ser para uns poucos que leem como uns tolos.

Que nos rodeia, natureza, não é feita para ser esmagada em letras e números em vista de tudo, coitada! É tão sofrida. Salve que não deixa de ser bonita. E por isso, ainda consegue ser enobrecida por alguns que sentem a combinação exata e reluzente dos números, das letras, da poesia e da sua divina magia.

João André
Enviado por João André em 22/11/2012
Reeditado em 22/11/2012
Código do texto: T3998694
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