esquivar-se
Dentro da alma cética, por trás da carcaça realista havia poesia lutando pra sair. E em noites em que a lua se escondia, ela saia. Se esquivando pelos becos escuros, com medo da luz. Cruzando com as criaturas das trevas, o que lhe assustava era o rosto conhecido. Mas mesmo a noite, no meio de tal escuridão, ela vivia fugindo. Temia os rostos, temia as luzes, temia ficar ali parada por mais um segundo. E então, fugia. Fugia do avesso, fugia pra voltar pra casa sem ser vista. E então, quando chegava no aconchego de seu lar, só desejava estar em qualquer outro lugar. Ela não pertencia dentro de si, mas não suportava ter que se deixar.