Para além do que havia.
Domingo a tarde, às 16h57.
Eu não sei falar de futebol. Não sei dizer quantos são volantes ou zagueiros; nem quantos pontos faltavam para o título do campeonato. Não sei das finanças, nem da economia de um povo. Não sei da farra e nem do ferro. Sei falar de amor.
Falo com crença e motivação. Sei falar dos vícios, dos sentimentos e das sensações do animal-humano. Fui sempre obstinado a tratar das esbórnias coletivas, dos beijos mais pernósticos e das falas valorosas. Eu sabia sobre o que tinha conteúdo, porque tinha ódio do que era vazio. Mas sabia falar da essência do cheiro. Do abraço. Sobre o que tinha liga, fé e conexão. Sobre o que era química, e explosão.
Sabia falar de quando amadurecia o homem, e de quando aparecia a mulher. Sabia que neste encantamento, tudo podia ser diferente.