Nem tudo a ver
A rede que vejo
No meu bocejo
que me impede
Que excede
que não procede
o filme que repete
que ninguém pede
A rede de intriga
que não se liga
Tem nada a ver
Com a minha fadiga
Com o meu querer
A rede no monitor
que esconde a minha dor
Do controle remoto
que não suporto
da troca que não me importo
A verdade da minha cidade
Me enche de infelicidade
Agride toda verdade
Que compra autoridade
com meus anseios
com as minhas crenças
com os meus devaneios
A rede que mente
que omite
Que esconde palpite
Que me resume
Que me desune
A rede que é nada mais
A armadilha na ilha
da minha solidão
A chama acesa da minha tristeza
na vela da novela
Que profana minha icerteza
A rede que eu pago pra ver
Repete tudo, agride tudo
Tem nada a ver