DESSAS TARDES...
Por que me sinto assim
Essa tarde?
Por que me atinge tão veemente
Tal palor,
Dos fulgores de ancestrais primaveras?
Dessas tardes...
Essas lembranças.
Oh, sinto que posso
Sobreviver mais um dia!
D’uma energia
Colossal
Surge-me sorrateira entre os ossos
Soberana em minh’alma,
Em minha mente,
Soturno, insólito, santuário.
Para quem escrevo
Tais incógnitas rotas linhas?
Não são para mim,
Desprovido de crença, amores e esperança,
Não são para os mortos,
Suas lápides, suas velas,
Em lutos de eternizadas lágrimas,
Seus amores petrificados
Em mármores
Frios de gelo.
Seriam para os amantes,
Envoltos uns nos outros
Com seus braços,
Abraçados em suas amarras
Magoas do tempo.
Por que me sinto assim?
Oh, sinto que posso sobreviver
Mais um dia,
Cinge-me entre meus ossos
D’uma energia
Colossal, soberana,
Oh, a mesma que incendeiam as estrelas.