PENSAMENTOS DE UM CORPO SOBRE ELE MESMO

Às vezes me pego pensando que existo, como existo e que minha existência é corpórea, carente de cuidados pra não vir a ser prematuramente existência de memória, ao menos para os que continuam a existir corporeamente.

A química que estudei no ginásio e que tantas vezes me tirou o sossego vejo-a no meu corpo numa constante troca e transformação de elementos da natureza. Meu corpo é uma dança físico-química que obedece a determinadas leis vitais.

Corporeamente obedeço a um código que me foi passado sem terem me oferecido antes, sem meu aval. Fisicamente puxei, no dizer popular, os traços físicos de meus antepassados, mas o que me impressiona é como este corpo repete gestos que não são genéticos mas estão intimamente ligados a um passado que não vivi.

Pelo meu corpo sou um eu no mundo. Por ele me exponho e me faço presença em meio a tantos outros corpos. Sou um corpo que pensa para além dele mesmo. Por meu corpo existo e sinto os prazeres em suas diversas facetas e para compensar o equilíbrio que a vida pede, também por ele sofro, tenho dor, padeço. Pelo corpo sinto as auguras da vida. Exponho-me tal como sou. Ele anda intrinsecamente agarrado, arraigado a algo nada material que chamam de alma, espírito, mente.

Por minha mente sou incorpóreo de maneira corpórea. Minha alma e meu corpo são como uma balança de balcão de outros tempos. Se um sobe o outro desce. Se um adoece o outro esmorece. E isso é um jogo de toma lá da cá, uma via de mão dupla.

Sou essa presença no mundo de matéria física, de junção de átomos com tempo para se unirem intrinsecamente e tempo para desintegrarem. Essa composição atômica que nem se quer dá aos átomos a compreensão e a consciência de saber que seu existir é o meu corpo.

Meu corpo em sua profundeza existencial da suporte à minha mente incorpórea para ter a consciência de meu eu no mundo.

E quando ao fim, por fim, e no fim pela decadência material, meu corpo não mais for o que é hoje na corrente do fluxo ao não ser, caberá só a mim esquecer o que outros por algum tempo lembrarão no que se chama memória. Memória do “alter ego” que já não é um ego. E se continuar a ser será numa outra dimensão, pois nesta temos a certeza: não será corpórea mais.

Reflexão sobre meu ser corpóreo.

Qual a minha satisfação com meu corpo? O que posso fazer para melhorara esta satisfação?

Como tenho cuidado de meu ser corpóreo? Como tenho respeitado os limites de meu corpo e sua saúde? Como cuido de minha higiene corporal? O que tenho comido, bebido?

Que tempo dedico para me alimentar com qualidade? Tenho me exercitado?

Tenho me permitido o descanso e momentos de relaxamento?

Um corpo bem cuidado também traz alegria e satisfação para o bem viver. Pense nisso...

Gleisson Melo
Enviado por Gleisson Melo em 07/11/2012
Reeditado em 22/08/2013
Código do texto: T3972829
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