Nosso “Amigo”, o Tempo
“Deixar para amanhã o que se pode fazer hoje”, já fiz tanto isso. O tempo se vai tão rápido que só percebemos que passou quando olhamos no espelho e vemos as primeiras rugas nos tomar a juventude. As lembranças me vêm e eu recordo as tantas coisas que vivi e, mais ainda, as que deixei de viver; as pessoas que conheci e aquelas que me recusei a conhecer; o que falei e o que calei, minhas verdades, minhas mentiras, minhas omissões... O tempo é um mau amigo, daqueles que às vezes ajudam e outras, nos traem. “Dar tempo ao tempo” é remédio para muitos males, porém remédio demais é veneno. A frase popular "eu era feliz e não sabia" só passa a fazer sentido quando, enfim, deparamo-nos com as traições do nosso velho “amigo”. Hoje consigo entender Casimiro, seu saudosismo poético, hoje faço minhas suas palavras.
"Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!"
(Trecho de Meus Oito Anos, de Casimiro de Abreu)