Obsoleta



Quando, às vezes, me pego pelo avesso
Pendurada de ponta cabeça
Para secar.

Pinga de mim, ao rigor do sol 
Ou ao sabor dos ventos,
Ainda umas gotículas da unidade
De umas poucas vaidades que me restam
De uns sonhos tolos
Que escorrem incontidos entre os dedos das mãos
E absorvidos pelo sedento chão,
Logo desaparecem
Em vapor de sonhos...

Ao final desse processo
Sentimento árido
Sou virada,
Passada,
Novamente pronta para ser usada...

Digno-me a vestir sua estupidez
E lhe visto outra vez
E outra vez...

Até que rota, acabada
Não lhe caiba mais usar-me
Obsoletamente descartada.
Outra servirá ao seu manequim...


Irene Cristina dos Santos Costa - Nina Costa, 27/10/2012


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Obs.:
Apenas poesia, nada relativo à realidade de meu momento.
Nina Costa
Enviado por Nina Costa em 27/10/2012
Reeditado em 27/10/2012
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