Orações, água, respiração e superfícies
Essa noite me dei conta do quanto estou próxima das superfícies. Há meses não encostava a cabeça vazia no travesseiro. Minha cabeça repleta de pensamentos que transbordam. A cabeça pesa. Pensamentos insólitos, vazios, que de tão vazios, pesados. Há meses não parava pra sentir a respiração do meu filho que de olhos fechados cuida da minha. O tempo tem se escorrido sem dó nem piedade desse corpo sem trilho e dessa cabeça sem rumo. Penso que o tempo anda corrido de mais. A cada dia que passa sinto fiapos de uma vida pairando numa superfície plena. Plana não. Superfície de água jamais plaina. Essa água que me desordena...As águas daqui, são as mesmas águas de lá. Essa noite parei pra rezar. Rezei aos deuses, santos, anjos...Repetições de agradecimentos e pedidos eternos. Atinei que sempre agradeço e peço pelas mesmas coisas. Acho que gosto das mesmas coisas.
Luminárias, 21 de outubro, noite