Embriago-me do que convém ao coração.
Eu disse que estava sempre bêbada, os homens de leis olharam-me com olhos tortos. A boemia poesia me embriaga, são tantos versos. E não recuso uma só dose. Quanto mais melhor; em doses fortes, lentas, que machucam, outrora acariciam, que fazem chorar e me matam de rir. Sempre fui mulher forte, com garra suficiente para assumir quaisquer sentimento. Mesmo que me olhem de cima a baixo, com olhares fuziladores, aparentando remorso. Não nego o que sinto. Não fujo de mim mesmo. Minha sombra é de luz, escuridão me faz refletir, mas não é morada. Eu poderia estar sóbria e me deixar ser dopada pela sociedade padronizada, mas eu não nasci com o dom falido de não ser eu. Não me atrevo, desde que não se atrevam comigo. Não dou a cara à tapa, abro meu coração ao abraço. O novo me convém, o diferente me instiga, vivo em busca de mais sabedoria, seja ela o que for. Eu tenho sede e fome de vida. Não sou para qualquer um, mas sou do mundo. Desculpe-me a sinceridade, o sentimentalismo exacerbado. Perdoem-me não ter preço. Não sou um produto, sou humano. Assumo meu extremo prazer, meu tesão em viver, e minha devoradora ganância por limpidez. Estou em clamado de paz, não do certo e errado, até porque, sejamos justos, eles não existem. Meu nome? Pouco importa. E ah, a ressaca não me assusta, bebo mais só pra me recompor. Por favor, não me interpretem mal.