A incrível sensação de amar.
Quando amamos tudo parece bom. Nossa visão do medo e da raiva são transformados. O futuro, então se apresenta como uma promessa de prosperidade e felicidade.
Quando experimentamos o amor na infância ou na adolescência temos a impressão de que para continuar sendo amor, deva ser sempre assim sem nada mudar.
Quando adultos e mais amadurecidos sabemos que nada na vida permanece estático, se assim o for, morre. Todos os segundos do tempo podem nos trazer uma mudança repetina ou lenta, e teremos sempre que nos reinventar para continuar a crescer.
Por que o amor não acompanharia nosso crescimento? Por que mantê-lo preso àquela primeira emoção de quando se conheceu a pessoa amada? Prisão não combina com o amor, se tentamos prendê-lo ele com certeza morrerá.
É preciso alimentar o amor, deixá-lo crescer, amadurecer e dar frutos.
O amor é o único que não morre, pois ele se perpetua nas gerações vindouras.
O amor adulto e amadurecido sabe que muitos acontecimentos surgirão exigindo tomadas de atitudes que preservem o amor. As pessoas se conhecem e com o tempo aprendem mais sobre si mesma e sobre o outro. Aprendem que paciência é um exercício, aprendem que há os momentos de calar, e os momentos de falar. Aprendem que muitas vezes é preciso ceder, e outras intervir. Aprendem que tinham muito mais força e coragem que supunham ter. Aprendem que é possível perdoar o imperdoável, que fazer o caminho de volta, muitas vezes pode salvar o relacionamento. Aprendem que reconhecer-se errado não é sinal de fraqueza, ao contrário, é sinal mesmo de uma imensurável grandeza de espírito.
Eu acredito que não mudamos, o que acontece é um processo de amadurecimento, e por causa disso nos tornamos mais autênticos, nossa visão sobre nós mesmos e sobre outro é mais realista, nossa visão de mundo se alarga.
O amor não fica à espreita do crescimento humano a dois, ao contrário, ele participa, tornando-se co-autor agindo muitas vezes como a luz, o tempero, a sabedoria que conduz o casal à comunhão crescente.
O amor é marvilhoso, pode inspirar milhares de loucuras e poesias, mas o principal do amor é a capacidade que ele tem de levar o homem a descobrir-se essencialmente humano.
O amor não é abstrato, ele se concretiza nos atos de quem ama.
Como dizia Camões, "o amor é um fogo que arde sem se ver..." E essa chama queima sem consumir e contrói o que o raciocínio sozinho não é capaz: o homem por inteiro.