Quando eu nasci eu era três..

Quando eu nasci, eu era três

A menina, a mãe e a velha

Com o tempo e as agruras da vida

Eu me perdi da menina

E trilhei o restante dos anos apenas com a força da mãe

E a sabedoria da velha

Mas quem tinha a chave era a menina

Era ela quem sabia o que queria

Quem sabia os porquês

Era ela quem tinha o mapa do caminho e seu propósito

A força da mãe era desmedida e usada de maneira aviltante

Era pura violência sem sentido

A sabedoria da velha era insuficiente sem o instinto da menina

Era amarga pela falta de inocência e mordaz pela perda do verdadeira inspiração

Quando retornei a vê-la, a menina fugiu

E mais vezes se sucederam depois dessa

Em todas o contato era apenas com o olhar

Até o dia do reconhecimento

Do encontro no caminho, e das mãos estendidas em pedido de caminhar juntas

Do choro de alegria com a aceitação

Da felicidade de se encontrar de novo dentro da menina com tantos sonhos

E tantos planos e segredos não imaginados

Desde então estou inteira, e conversamos

Eu, a mãe com sua força, a velha com sua sabedoria e a menina com seu instinto e alegria

Contamos histórias ao redor da fogueira da imaginação

E ateamos amor aos que precisam

Elas me trouxeram coragem, força, inspiração, sabedoria, humildade, reconhecimento..

Quando eu finalmente tive as três juntas, eu me encontrei

Eu pude lembrar o caminho e achá-lo

E fazer o que devia ser feito

Dilapidar os medos, remover as doenças, admirar as cicatrizes e celebrar as marcas de guerra

Desde então, eu me tornei uma portadora de sonhos

Não tenho mais nome, sou uma entre tantas, que já sabem e que ainda não descobriram o

que são... mas logo elas também se juntarão a mim para celebrar

Keti Sarom Scott
Enviado por Keti Sarom Scott em 17/10/2012
Código do texto: T3936969
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.