Quando eu nasci eu era três..
Quando eu nasci, eu era três
A menina, a mãe e a velha
Com o tempo e as agruras da vida
Eu me perdi da menina
E trilhei o restante dos anos apenas com a força da mãe
E a sabedoria da velha
Mas quem tinha a chave era a menina
Era ela quem sabia o que queria
Quem sabia os porquês
Era ela quem tinha o mapa do caminho e seu propósito
A força da mãe era desmedida e usada de maneira aviltante
Era pura violência sem sentido
A sabedoria da velha era insuficiente sem o instinto da menina
Era amarga pela falta de inocência e mordaz pela perda do verdadeira inspiração
Quando retornei a vê-la, a menina fugiu
E mais vezes se sucederam depois dessa
Em todas o contato era apenas com o olhar
Até o dia do reconhecimento
Do encontro no caminho, e das mãos estendidas em pedido de caminhar juntas
Do choro de alegria com a aceitação
Da felicidade de se encontrar de novo dentro da menina com tantos sonhos
E tantos planos e segredos não imaginados
Desde então estou inteira, e conversamos
Eu, a mãe com sua força, a velha com sua sabedoria e a menina com seu instinto e alegria
Contamos histórias ao redor da fogueira da imaginação
E ateamos amor aos que precisam
Elas me trouxeram coragem, força, inspiração, sabedoria, humildade, reconhecimento..
Quando eu finalmente tive as três juntas, eu me encontrei
Eu pude lembrar o caminho e achá-lo
E fazer o que devia ser feito
Dilapidar os medos, remover as doenças, admirar as cicatrizes e celebrar as marcas de guerra
Desde então, eu me tornei uma portadora de sonhos
Não tenho mais nome, sou uma entre tantas, que já sabem e que ainda não descobriram o
que são... mas logo elas também se juntarão a mim para celebrar