Página revirada
A cada dia, a solidão chega mais e mais bruta.
Antes, vinha disfarçada em amante ou cozinheira; depois, foi servida com cremes de massagem ou acompanhada de vinho não maturado... Um pouco após, apresentada em pratos sofisticados, cachaça envelhecida em nobres carvalhos, camas com colchões ultra performáticos e lençóis de seda; então, agora, vestida de gari...
Em estado cru, a companheira de anos mostra quem sou - e o que preciso. Diz, também, do que poderia ter sido e do que quero - e do pouco ânimo para buscar.
O livro que não li, a paisagem que não vi, o amor que senti... tudo me faz falta, e tudo me alivia.
Sei, não... Talvez seja só a vida, vindo de trás à frente, prá variar...