Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.
Fernando Pessoa
Lena estava sentada em seu sofá bege observando nele algumas manchas de catchup e alguns farelos de biscoito. Como a tarde estava meio sonolenta resolveu pegar um livro infantil para ler.
Havia um de capa rosa. Foi tirando esse, lentamente, do meio de uma pilha de livros. Quando lê o título risos inesperados roubam-lhe o mau-humor.
“Até as princesas soltam pum...”.
Mas, e os finais felizes? Não poderia haver final feliz se o príncipe casa com uma princesa com problemas gastrointestinais. Lena franze a testa...
Sentia-se enganada e ao mesmo tempo aliviada. Enganada por passar anos de sua vida acreditando na perfeição e aliviada por essa mesma perfeição não existir.
Pessoas perfeitas devem ser muito chatas e viver o felizes para sempre pode ser irritantemente maçante. Para tudo é preciso equilíbrio.
Precisamos da adversidade para construir nosso castelo interior. Cada tijolo é uma experiência vivida onde você cresceu deixando-se humanizar.
Lena olha para o céu e agradece por não ser perfeita. Porque só assim ela pode ter a chance de evoluir.
A maior aventura da humanidade é caminhar pela diversidade que existe ao nosso redor tendo a sensibilidade de perceber a beleza que há nas imperfeições.