Relendo minha vida

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     Muitos conhecem aquela história do velho índio conversando com os mais jovens sobre a natureza humana, sobre a eterna batalha travada entre o bem e o mal usando a imagem metáfora do lobo e a clássica resposta de que vence o que é mais alimentado.
     Lembrei dessa história porque pensei nas escolhas que fazemos em nossas vidas. Percebo que, por experiência ou imprudência, escolhemos a sombra ou a luz e tudo que cerca uma ou outra condição de ser e estar nessa dimensão. Livre arbítrio, lembram o que significa isso?
      Mas não é tão simples assim. Às vezes as escolhas se dão pelas formas mais inusitadas. Escolhemos pela dor, pela paixão, pelo medo, pelo gosto da aventura, pela necessidade de validar o que pensamos.Vez ou outra, parece nem ser escolha.
     Sempre penso que não é porque somos bons ou maus que a vida nos premia ou nos golpeia. Ninguém é tão perfeito que não mereça uma topada e nem é tão ruim que não mereça uma benção.
     Fiquei pensando na atração das drogas, nos sentimentos que causam dependência tanto quanto e em como tanta gente boa gasta energia com hábitos depreciativos da condição humana. Gente que mergulha e se alimenta de sombras, por escolha, por opção.
     Penso nas minhas escolhas. Até onde a memória alcança, conscientes.Jamais tive qualquer queda para o melodrama ou pela tristeza e busco o sol, a luz e tudo que dela deriva e se aproxima. Talvez por isso no meu caminho sempre cruzam pessoas normais, com problemas normais como os meus, gente que quando tem problemas e precisa de ajuda, pede, busca e aceita ser ajudado.
      Em muitas situações da vida, precisei de ajuda. Ajuda profissional, colo de mãe e pai, mão de irmão, abraço de amigo, compreensão de companheiro. Em momentos assim me recolhi, silenciei mas quando precisei falar nunca me envergonhei de admitir que precisava, que queria ajuda. E tive sempre até mais do que pedi, graças a Deus.Sei exatamente o quanto é bom quando isso acontece. Sei que muitos querem e precisam mas não sabem ou não querem pedir. Muitos afundam num mar de autopiedade e orgulho, morrem aos poucos, cheios de tristeza e ressentimento.
     Tenho consciência que nesse mundinho hipócrita em que vivemos é um péssimo negócio ser franco, honesto e transparente e não me iludo quanto aos monstros do armário de cada um e cada uma, mas é também uma questão de princípios. Sei que vez ou outra corro o risco de ser/parecer grosseira, mal educada mas, quando pedem minha opinião sobre algo e tenho que fazer a leitura do quanto devo ou não devo ser sincera, reconheço que não aprendi ainda como não ser assim. Francamente, nem quero aprender.
     Digo sempre a mim mesma: minha militância é pela vida e não quero vida mais ou menos, meio amigos, meias palavras. E se nesse trajeto desagrado/desagradei alguém, paciência.Peço desculpas, mas jamais quis ser unanimidade, nem fazer parte de nenhum rebanho que diz AMÉM a tudo que ouve, nem cartomante que diz o que o cliente quer ouvir. Espero ter saúde para alimentar sempre o que há de bom, belo e saudável em minha vida e na vida de quem amo. Afinal, a esta altura da vida, “se não eu, quem vai ME fazer feliz”?
     E, com licença, Vander Lee!
“Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores
(...)
Estou podando MEU JARDIM
Estou cuidando bem de mim..."
[Meu jardim-Vander Lee]

Ouçam essa música linda do Vander Lee!!

http://www.youtube.com/watch?v=oTjgnIP1qTA&feature=related

*reescrito, reeditado