A inclusione unius ad exclusionem alterius

A Inclusão de um e a exclusão de outro, é isso que a expressão acima quer dizer e, sei bem o que ela diz.

Hoje em dia vivo plenamente todos dias, um eterno renovar, um eterno deleitar sobre mim para que acontece um acordar de um outro eu.

Vivo isso no caminho e na busca da espiritualidade em fusão com a racionalidade, vivo uma constante reprogramação neuro linguística unida a uma formatação para que a máquina execute novos comandos e programas.

Mas como reprogramar 31 anos de vida?

Como eliminar traumas, feridas, manias e jeitos?

Isso só é possível com uma auto análise e uma auto formatação profunda. Desprogramar mentiras até então aceitas, e atitudes até então aceitas, sendo que tudo isso tem que acontecer mentalmente para depois ganhar vida nas palavras, ações e pensamentos. Isso só é possível com muita compreensão e auto perdão!!!

Incluir o novo e excluir o velho é uma longa missão, e estou vivo hoje, tentando isso, conseguindo as vezes de forma correta e em muitas vezes de forma errônea. O corpo muda, certas coisas já não são tão normais para uma mente que vive assim, e as percepções vão vindo, será isso maturidade? Será que quando percebemos que podemos e devemos fazer isso, é sinal de aperfeiçoamento? Mas existe perfeição humana? Ou teremos que viver a vida toda assim, para quando atingirmos certa idade compreendermos que é só com o tempo que certas coisas acontecem?

Percebo que nessa execução do que eu era, e essa vestimenta nova que assumo, somente uma pessoa consegue notar a evolução que eu possa estar vivendo, e essa pessoa não irá falar para as outras o que ali vê, e essa pessoa nem é uma pessoa, creio eu em um Deus, e é esse Deus que sabe como é doloroso o matar-se e o reviver-se diário.

Se baseia aí a tese do perdão divino, quando consegue o ser, em palavras, atos e pensamentos, demostrar que é um ser novo. Ele inclusive nos mostra um caminho, reto e cheio de valores e moral, para nos direcionar. Mas acredito que Deus usa também de outras ferramentas para que possamos esculpir o novo ser, aliás, para que possamos lapidar essa pedra, são essas o conhecimento, dados e informações.

"Conhecimento é o ato ou efeito de abstrair uma determinada ideia ou a noção de alguma coisa. Conhecimento também inclui descrições, hipóteses, conceitos, teorias, princípios, procedimentos e outros, e o estudo do conhecimento é chamado de gnoseologia, ou seja, aqui que se sabe de algo ou alguém. Para falar de conhecimento, é necessário falar sobre dados e informações, dados é uma mistura de códigos e informação é o resultado do processo de manipulação desses dados, assim, o conhecimento pode ser considerado uma informação com uma utilidade."

(http://www.significados.com.br/conhecimento/)

O texto acima resumi muito bem o que quero com esse texto dizer. É essa a forma que hoje eu vivo, e cada dia que passa percebo que o buraco é mais profundo, e como é difícil ( mas não impossível ) exterminar os fantasmas e medos que fomos criando em nossa mente, mente que aliás nos mente, pois não existe problema algum, a não ser que dermos a uma situação esse nome, e é diante os desafios que surgem os traumas, medos e fantasmas. E em muitas situações, essas situações ficam indissolúveis, e para facilitar nosso caminhar, deixamos o velho homem carregar tudo isso, as vezes até o seu túmulo. E por muitas vezes essas situações se materializam em dores e em depressões, que conforme vão sendo adormecidas em nosso corpo, podem transforma-se em doenças e abreviar uma história que podia ser diferente. Por isso gostei tanto dessa expressão em latim, e por isso estou aqui, desabafando em palavras o que penso e sinto.

Se o velho homem permanecer, o novo não vive, se o vinho novo for colocado no frasco contendo velho vinho, poder-se-á esse virar vinagre, perde o aroma do vinho e o que era sinal de festa, vira azedo, e terá esse outra utilidade, mas nunca a original.

O ruim é quando as pessoas vão entrando em sua vida, e sem saber a fundo tudo o que vive, não conseguem ver uma mudança ali, isso pode ferir pessoas, machucar, traumatizar, e tudo vira um ciclo interminável. Por isso compreendo hoje as guerras que trazem paz, o homem vive em si uma guerra, levanta bandeiras e luta por causas, e já faz um tempo que tento alçar a bandeira da paz em meu peito, mas para isso tenho que guerrear, e a expressão " matando um leão por dia " pode ser interpretada como " matando um fantasma por dia ", e assim vou eu, dando roupagem a um ser que ainda germina, tendo que limpar o deserto que cheguei, onde nada mais daria para ser plantado, mas o conhecimento me trouxe informações e, com o levantamento de dados consegui ver o que precisava para deixar viver o novo no lugar do velho. E tudo se volta a uma palavra, Amor!!!

"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. "

1 Coríntios 13:4-7

As vezes peço perdão, e as vezes que faço isso, é voltado para o velho homem, pois hoje eu sei, que o que há de novo segue um caminho, e o velho não tinha direção, foi esse velho homem que me trouxe a experiência para isso, mas é necessário agora ele ser ungido pois está doente, está na hora de ser enterrado, pois nascerá em seu lugar um novo ser, processo esse realizado diariamente e constantemente.

Mas no final se descobre, que não tem como ser um ser totalmente novo, e aí acontece o milagre da lagarta, o milagre do amor total, quando o velho descobre que ama o novo, e o novo descobre que precisou do velho, que precisou dos erros para saber os acertos, que precisou de tudo aquilo, mas ambos sabem que não podem mais ocupar o mesmo corpo, é daí que acontece o Auto Amor, o velho por amor morre, para não mais rastejar, sabe no fundo que precisa se transformar, está em sua história a transformação, aí o velho entra em seu casulo, se fecha, e quando todos pensam que ele morreu, ele vira aquilo que "deverás e sente", sai da terra e voa para o céu, e vira uma borboleta, e renova sua aparência, e volta para junto ao pai, processo esse que nós devemos fazer em terra, mesmo sabendo eu, que a real transformação só ocorrerá na morte do corpo, tento viver eu esse processo ainda vivo, o meu eu, velha lagarta, e o meu novo eu, borboleta, vivendo entre céu e terra, vivenciando a gravidade, percebo que é grave a idade da mutação, mas é maravilhoso saber que só depende de mim essa aceitação, e como é gostoso aceitar uma ação que nos leva a libertação.

"É querer estar preso por vontade;

é servir a quem vence, o vencedor;

é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor

nos corações humanos amizade,

se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Luis de Camões

Aí o velho percebe, e para de lutar, pois ama o novo, aí o novo percebe e para de lutar pois compreende o velho, morre o velho, quando o novo o compreende e nasce o novo, quando o velho homem se arrepende.

A inclusão e a exclusão é necessário, mas ambas num certo momento darão lugar a infusão da alma, não existe borboleta sem lagarta e nem lagarta sem borboleta, eis o ciclo, eis a verdadeira beleza!!!

Abraços poéticos.

Ass: Fernando Lobos