Prazer e Dor

O nosso coração, a fonte de toda e qualquer mentira. Equivocado pensamento, sim. Adivinhe de onde veio?

Às vezes, a saudade me corrói. Dói, lá no fundo, sabe onde. A curiosidade me intriga, o desejo me possui, e eu quase perco a razão. Eu disse quase, e não o nego: ainda bem, a deixo falar mais alto. Não está certo! E me seguro, me contenho, me acalmo. Ou o tento, ou disfarço, ou apenas finjo que sim... ora, não são os dois sinônimos?

Fato é que o não-saber, o desconhecido.. Deus, como os temo! Passear por este corredor estreito, cheio de armadilhas e espinhos, e ainda de olhos fechados? Não, não... uma voz me lembra o quanto é arriscado. Espere. Há outra. E ela implora: vá! Tente! O prazer vale mais à pena, não o perca...

Então reflito. Não se engane: a dor não é o gemido mais profundo das almas. É irônica, resultado de um prazer tão absoluto, que não consome como fogo, e não se apaga com nenhum consolo, mas ultrapassa os limites do agradável até que não restem mais forças para suportá-lo. Sinta-a, apenas, lembrando qual foi a tão boa sensação que a trouxe. Não há mal neste mundo que não seja precedido do bem. Não há, portanto, dor que não tenha sido prazer, prazer multiplicado infinitamente! A ponto de se tornar insuportável. O fato é que o homem já não sabe se alegrar em medidas certas, sua ganância o tona o pior dos sofredores, aquele que com remorso enxuga suas lágrimas. E desse diálogo só me resta uma opção: sofrer por experimentar sorrisos ou viver segura, escondida.

A não ser que algo aqui seja recíproco, caro leitor.