Contagem regressiva

O que você faria se só lhe restassem 60 minutos de vida? Sim, você só tem mais uma hora na Terra, para fazer o que bem entender. Então, o que seria? Passar todo o tempo ao lado da pessoa amada? Aproveitar os minutos restantes para fazer coisas que nunca imaginou ser capaz de fazer, tal qual uma “farra do apocalipse”? Procurar desculpar-se com todos que de alguma maneira foram afetados por uma atitude sua, para chegar com as contas acertadas do outro lado?

É complicado analisar a relação do homem com seus prazos e limites. Ainda mais complexo quando essa relação põe em confronto o homem e sua vida como limite. Quantos são os casos conhecidos de pessoas que, ao passarem pela experiência de “quase morte”, mudam completamente seu estilo de vida, seus conceitos e prioridades. O intrigante é pensar o motivo dessa mudança. Uma segunda chance talvez? A oportunidade de fazer diferente? Como se aquele “renascimento” pudesse dar vida a outra pessoa?

Penso que seria muito melhor encarar o dia a dia como um “renascimento”. Poder fazer de amanhã um resultado diferente de hoje. Ser resiliente, ser adaptável, ser humano. Até porque, convenhamos, só o fato de vivermos no mundo atual já é uma experiência de “quase morte” cotidiana. Família, emprego, finanças, segurança, saúde, tudo o que nos cerca está sempre nos levando ao limite, ou melhor, nos mostrando novos limites.

Nossas escolhas nos levam a novos caminhos, mas não fecham as portas por onde viemos. É por elas que devemos voltar quando não encontramos o caminho certo. Não existe tempo certo para uma nova escolha. E é extremamente importante sabermos diferenciar prazos de limites, pois prazos são conhecidos e determinados, já limites existem para serem quebrados. E que, quando só lhe restar uma hora de existência, possa continuar testando seus limites. E que o zerar da contagem regressiva seja só o reinício de uma nova caminhada.