A simplificação da chamada cultura de elite para as massas, é válida?
Creio que simplificar a chamada cultura de elite para que a mesma possa ser absorvida pelo povo, em primeiro lugar remete ao fato expresso de que o povo não tem acesso ao mesmo tipo de informação e conhecimento que a aqui rotulada elite detém, e pretende preservar somente para si.
Leva também a refletir o fato de não haver interesse, quer das classes dominantes quer dos meios de comunicação de massas, em levar esse nível de saber à população de um modo geral.
Assumido então este contraste – elite x povo - equivale a dizer que, apesar do reconhecimento do enorme abismo cultural entre essas duas classes sociais, o máximo que se pode fazer a respeito é tentar construir uma estreita, tênue, frágil e insegura ponte de tábuas e cordas, que pressupõe poder ligar de alguma forma os dois extremos. O que tem sido possível presenciar e constatar como resultado dessas incursões ideológicas simplistas ao extremo, é não apenas a abrangência meramente superficial destes aspectos culturais, como o fato ainda pior de que, o produto final pouco elaborado e por demais popularizado de forma assim tão disforme, beira a vulgarização.
Necessário é definir então; se é esse tipo de instrução que se pretende dar às massas, até que ponto esse tipo de pensamento permeia embutido o preconceito, de que o povo não seja capaz de assimilar cultura em seu universo mais amplo, consciente e consistente.
E concluindo, tomaria como exemplos de tentativas de popularização de conteúdo literário e histórico adaptado para as massas, as novelas e os filmes produzidos baseados em grandes obras clássicas em geral. Não excluindo totalmente o seu valor como veículo de divulgação de cultura, ainda que superficial, atenho-me ao fato de que, tais novelas e filmes contém primordialmente compromisso com a geração de lucro rápido, o que leva à descaracterização primária do objetivo da obra em si, ou seja, o público em geral é levado ao consumo deste tipo de trabalhos como se fossem um produto como outro qualquer, enquanto que paralelamente existe um esforço muito maior em exaltar ou destacar a figura dos artistas que protagonizam as estórias, daí o surgimento dos grandes ídolos que também serão utilizados como meros produtos em outros filmes, etc... enfim, ao final, pouco se assimila do material cultural basicamente utilizado.
Penso por fim, que, se os mesmos esforços de divulgação de massa de trabalhos culturais de conteúdo duvidoso fossem envidados a favor da divulgação da suposta cultura de elite, coisa que não acontece, (infelizmente) educaríamos as massas a apreciar o que hoje lhes parece impossível, haja vista não terem referencial algum em sua bagagem de conhecimentos e, ou, experiências pessoais.