VAI IDADE

Estilhaços de vidros por toda parte,
E eu preciso de tempo pra me afeiçoar a cada marca
Que esse mesmo tempo tem me feito.
Para fazer de minha imagem uma obra de arte,
Pra aceitar sereníssima cada novo defeito.
Sem exteriorizar futilidades que adquiro no mundo,
E retocar de cores vivas minha face,
Encobrir as mágoas e realçar alegria como um plano de fundo.
Ao passo que os ponteiros transcorrem lentamente,
Fico vendo a impressionável palidez do meu semblante
Toda beleza se esvai de repente.
E o tempo insolente não me toma por dona
E nem tão pouco amante.
Vai idade, ano pós ano, exaurindo a vaidade,
Limitando meus planos.
Em moldura instável reflete-me e acusa,
Já não és a mesma de antes.

Vejo-te passar desde á infância
Levando contigo cada lembrança,
Do ontem para aproximação do porvir
Toda certeza vista me assusta;
Toda chama apaga num sopro
Enquanto houver fôlego a expelir.

A cada chegada uma vivência,
Vai demarcando a hora de partir,
O tempo não pactua comigo
O trato que eu quis sugerir,
Recolha-me a beleza aos poucos,
E permita que eu morra de rir.
Anna Lima
Enviado por Anna Lima em 28/09/2012
Reeditado em 30/04/2013
Código do texto: T3905876
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