Entre a janela e o jardim
Quando estou triste é nas flores que descanso o meu olhar, pois olhando para elas me perco nas belezas que nelas existem. E cada abelha ou beija-flor que delas se aproximam para sugar o seu néctar ou apenas usufruir do seu perfume, soa para mim como se fosse um aviso dizendo que apesar de tudo o mundo ainda não esta assim tão perdido.
Mas tem sido nas longas noites de insônia que mais solitário me sinto, é quando abro a janela só para ver a lua e as estrelas, minhas eternas companheiras que também rolam sem sono naquele imenso leito do infinito, e não querendo acreditar no que a minha mente insiste em me falar, fecho os olhos e volto para o meu leito, só o corpo, pois os pensamentos ainda continuam lá, debruçados no parapeito daquela janela, presos no silencio da madrugada tentando ouvir quem sabe alguém bem lá de longe a me chamar, e assim adormeço no meu corpo novamente dividido em dois, sendo que uma parte irá amanhecer junto com um novo dia que irá despertar, e a outra, aquela que teima em não querer dormir só vou tornar a vê-la ou senti-la quando desta janela de novo me aproximar. Mas agora é outro dia onde o sol brilha de novo e eu acabo avistando aquele jardim e me perdendo na beleza das flores outra vez, e o ciclo se fecha novamente, e infelizmente tudo se repetira.