Um livro sobre mim.
Quero falar de mim hoje, como eu falo todos os dias. As horas correm devagar, mas não o tempo todo, às vezes parece acelerar de verdade. O tempo é incomum, o tempo é incerto. Incertezas me definem, certo?
Pensando positivamente, o negativo da foto, o negativo no banco, são águas que passarão, mas pássaros sempre voltam no verão. Se a loucura me consumisse, seria consumidora do próprio fogo, não me digo insano, nem louco, me explico como um nada tentando ser tudo, ou melhor dizendo, um ser humano.
A carne fresca no jantar é tudo o que temos, mas minha carne é fraca, sou puro desejo. Ouço o trem ao longe apitar, ao longe ouço uma criança a gritar, ao longe, bem perto da minha alma. O coração se mostra pecador, mas ainda é puro, ele tem um inimigo que o ajuda, irônico? A razão mora próximo à perfeição, assim como a emoção, se uma delas fosse masculino até tentaríamos uma menina, do casal mais bonito.
Engraçado é perceber, que ao tentar escrever um livro sobre o meu ser, apenas o que sai são confusas confissões de amores escondidos e atitudes maduras de um rapaz decidido. Nada mais, tudo é menos, pensas que irá ganhar, é um veneno, a esperança te derruba, e você se mostra frágil, ai as coisas que eram lentas, acontecem bem rápido. Um tiro, uma bala, da perfeição ao vácuo, quem já pensou em entender uma mente suicida?
Mentes suicidas não se entendem, nem se sentem, o que podemos fazer é sorrir, a vida é tão bela, ela é quase nosso rosto, somos autores das maquiagens e das rugas, mas a base já está feita e foram seus pais que a fizeram. Pode ser que aconteça um acidente e mude toda ela, estamos vulneráveis a tudo e a todos, mas quem tem sorte tem... O que é sorte?
Me expeli de mim, me gritei, se não me entendem, sou difícil eu sei, mas esse sou eu no dia em que eu quis falar de mim, como eu falo todos os dias!